domingo, 24 de janeiro de 2010

Até que ponto seu antivírus pode proteger sua máquina de você mesmo?

Já defendi no post “Spam e vírus: esse problema tem solução” que a proteção do seu computador depende muito mais do seu comportamento como usuário de internet do que dos programas antivírus sofisticados e caros que você eventualmente tenha instalado em sua máquina.

O motivo é muito simples: as pessoas que desenvolvem vírus também costumam fazer testes de seus “produtos”, para verificar se eles conseguem burlar a vigilância das versões mais atuais de pelo menos de alguns dos antivírus mais populares.

Ao enviar milhões de cópias de um spam mail contendo o anexo infectado ou um link para um site “drive by” (1), o spammer sabe que alguns milhares de seus destinatários confiam nas soluções antivírus que sua criação consegue enganar. Deste modo, há uma grande probabilidade de que seu “ataque de dia zero” (2) seja um sucesso, infectando grande número de computadores.



O grande risco a que se expõe o usuário descuidado é que seu programa antivírus simplesmente ignore a ameaça que está tentando se instalar em seu computador, deixando-o à mercê das intenções criminosas do criador do vírus.




Veja que essa não é uma questão de procurar um “antivírus melhor”. Se você percorrer os fóruns da internet em busca de informações sobre antivírus, você vai ver discussões tão apaixonadas como as de torcedores de times de futebol rivais, com usuários dos diferentes produtos defendendo suas preferências com uma devoção que chega a se aproximar do fanatismo.





De fato, se você pesquisar a questão mais a fundo, encontrará organizações que fazem testes independentes dos diferentes produtos antivírus, como o respeitado AV Comparatives.

Os testes do AV Comparatives são realizados com uma metodologia rigorosíssima, mas nem todo mundo é capaz de compreender exatamente o que está sendo testado, nem de compreender completamente os resultados.




Se você tiver paciência para destrinchar os relatórios antigos da AV Comparatives você vai reparar rapidamente que, muitas vezes, um produto “Advanced+” em um teste é rebaixado para um nível inferior no teste seguinte, enquanto alguns produtos mal avaliados em um teste vão progredindo até conseguir as pontuações mais altas.




Assim, podemos que dizer sem medo de errar que não existe uma “marca melhor” de antivírus, já que toda superioridade é circunstancial e os concorrentes correm atrás para cobrir a diferença de desempenho...

Sempre lembrando que os criadores de vírus também estão sempre correndo atrás de métodos para enganar as versões “novas e melhoradas” dos programas antivírus.




Também é absolutamente falso o mito muito difundido de que só os antivírus pagos são bons, enquanto as versões gratuitas oferecem proteção inferior. Versões gratuitas de programas antivírus como o Avast, AVG, Avira, Kaspersky ou BitDefender oferecem proteção tão boa quanto as versões pagas dos mesmos programas (as versões pagas vêm com opções extras, não com mecanismos de detecção superiores) ou quanto programas somente disponíveis em versões pagas, como os tradicionais Norton, McAfee e Trend Micro, ou o novo "queridinho dos internautas", o NOD32, da ESET.




Por isso, nunca é demais enfatizar que você pode estar com o melhor antivírus do mundo e, ainda assim infectar seu computador, bastando agir de forma descuidada. Escolha um bom antivírus para obter a proteção básica e comece a vigiar o maior fator de risco, que é o seu próprio comportamento online.

Email da empresa ESET, fabricante do antivírus NOD32 - CLique para ampliar

Ao longo deste artigo, você pôde ver resultados de meus próprios testes ao baixar vírus da internet. É lógico que não se pode comparar a minha experiência individual com a metodologia rigorosa do AV Comparatives.

O que quero deixar claro para você é outra coisa bem diferente: mesmo que você tivesse escolhido o melhor antivírus do ranking do AV Comparatives, seu computador, hoje, estaria infectado com mais de uma dezena de cavalos de tróia diferentes caso tivesse clicado nos links que eu cliquei e visitado os sites que eu visitei no último mês!

Para infectar seu computador, basta um descuido. Por isso é preciso ir além da preguiçosa instalação de softwares de proteção imperfeitos e começar a confiar mais em desenvolver sua percepção das estratégias dos golpistas e criminosos que infestam a internet. Quanto mais você tiver consciência das artimanhas desses sujeitos, mais protegido você estará, inclusive contra os mais sofisticados ataques de dia zero.

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Notas:

(1) “Drive by attack” é um método de instalação de vírus sem conhecimento do usuário: basta acessar o site para que sua máquina seja infectada.
(2)"Ataque de dia zero" ("Zero day attack") é o ataque que explora uma vulnerabilidade ainda não detectada no sistema, por exemplo, usando um vírus não detectado pelo seu software de segurança.

Um comentário:

  1. oi querido!Particularmente há dois anos não abro nenhum anexo muito menos links suspeitos e emails de desconhecidos. Tô protegida por isso acho pois já perdi 3 micros nesta minha vidinha por vírus
    cheiro!

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